Em "Crônicas do magistério e outros causos" a aluna-autora revisita seus mais de 30 anos de trabalho em favor da educação e deles pinça histórias do cotidiano escolar. Sua intenção é retratar o dia a dia com olhar repleto de alegria e, por vezes, com humor, apesar das situações não serem propriamente humorísticas.As relações e interações com a família permeiam seus textos com o carinho, o amor e, acima de tudo, a paciência de mãe. Cada história é o retrato de bons momentos vividos com os filhos pequenos e toda traquinagem própria da idade.Crônica a crônica, Silvana escancara sua vida e pode-se perceber claramente sua verdadeira vocação para o magistério e seu enorme prazer em trabalhar com pessoas, em fazer parte do universo em que alunos, professores e demais funcionários convivem, seja em harmonia, seja em guerra, mas sempre com o desejo de acertar e, sobretudo, aproveitando para extrair uma certa dose de humor de cada situação.As "Histórias de hospital" apresentam, sem nenhuma dúvida, o lado mais sensível de vana; nelas a autora transforma todo nervosismo e instabilidade do momento em "causos", talvez para disfarçar a preocupação com algum ente querido adoentado ou para não perder o momento de escrever sobre o assunto e provocar boas gargalhadas a seus leitores.Em "A palavra é humor", seus editores esclarecem que a palavra humor vem do latim "humore" e significa líquido. Com ele os antigos designavam as substâncias fluidas que circulam pelo corpo, como o sangue, a linfa, a bílis, enfim, as seivas da vida. Por que, então, chamar de humor a disposição de espírito que nos faz rir dos outros e de nós mesmos? Será que humor é, acima de tudo, energia vital e transformadora?Qualquer que seja a resposta às perguntas, uma coisa é certa: "Crônicas do magistério e outros causos" apresenta textos bem-humorados e delineia caminhos para uma leitura prazerosa e fluida; a piada e a gozação presentes nas crônicas são a mais completa tradução da vitalidade transformadora do ser humano. Muitos veem na leitura uma perda de tempo. Têm razão: a arte é inútil, já dizia Paulo Leminski. Não serve pra nada além do prazer que dá. Como pensar, ler ainda por cima dá trabalho, é preciso parar tudo e alienar-se do mundo para que a relação com o texto se estabeleça. Além do mais, ler vicia. Porque se torna uma espécie de droga a que ficamos dependentes porque simplesmente nos dá prazer.Espero que o vício da leitura se instale em cada leitor e não o deixe por mais que insistam ou inventem tratamentos terapêuticos para combatê-lo. "Crônicas do Magistério e outros causos" pode bem ser o começo de um vício tão intenso a ponto de jamais ser possível reverter tal quadro. Se fosse possível, o texto diria a você, querido leitor: Leia-me, leia-me.Eu recomendo.Profa Nathalia Christina Fonseca CerqueiraMestra em Língua portuguesa