Ela nua e deitada de lado, sobre um estrado ao sol, no terraço de Bosco, onde dez dedos te percorrem o corpo, suavemente - como o tocar de piano numa melodia doce.
À sombra dum Seio.
Entras em casa cansada, no fim do dia.
O terapêutico sabor do não saber o que vem a seguir, isso procuras e isso recebes, Sua Majestade, aqui e agora - pois eis o meu nome: improviso, um teu reajustar de alma, cada vez menos existente.
Cada vez mais necessário.
Entras em casa, cansada de mais um dia.
Desejas acerto.
Reset.
Liberas os pés dos high-heels e soltas um suspiro.
Inerte por uns largos e contados sessenta segundos sem pensar em nada, apoias-te à parede.
Cais na primeira armadilha, a de querer voltar atrás e abrir os olhos, mas combates, e contas. Olhos fechados, vinte e um, e dois, vinte e três, e quatro...
E cinco, e seis, em cadência.
Sessenta segundos de nada. Preto ou escuro, o que vês não importa, deixa correr, deixa-te fluir, e conta... trinta e sete, e oito, e nove.
Respiras.
Fundo.
DO ARCO DA VELHA
Herbert Santori
142 pages