About the Book
Angelina, moradora de uma conhecida favela, habitando num casebre de quarto e cozinha, trabalha de empregada doméstica, numa residência de classe média alta. Tem 29 anos e dois filhos, Cristiana com quase 14 anos, Cássio com 12 anos. Seu marido, Valentino, trabalhador de baixa renda, viciado em cachaça, numa discussão imbecil de botequim, acaba assassinado. Suas dificuldades de sobrevivência, que já eram apreciáveis, tornam-se insustentáveis, ao ser demitida do emprego, sendo isso agente catalisador de sua união - após um breve tempo de assédio e relacionamento íntimo com Sílvio Neymar, o Pescoço - traficante-varejista -, funcionário de uma boca-de-fumo, fato, pelo menos inicialmente, desconhecido por ela. Ele, sujeito truculento e autoritário, sucumbindo aos encantos da adolescente, aproveita-se das ausências de Angelina, para seduzir Cristiana. Esta, resistindo a princípio às investidas do padrasto, por fim, sentindo os privilégios financeiro, sucumbe-lhe aos desejos carnais... O tempo passou... Cristiana, prestes a dar à luz, é socorrida para o hospital mais próximo, justamente o mesmo onde está internada Micheli, portadora de gravidez psicológica, nascendo-lhe um menino. Após um trato entre eles, Sílvio Neymar, Cristiana e a Cássio, decidem abandonar o bebê. Sílvio o esconde atrás de um moita, próxima a um condomínio de alto luxo. Michelli e Pedro Souza de Andrade, jovem casal, apaixonados, detentores de patrimônio privilegiado, tentam há algum tempo gerar um filho, mas problemas de má-formação do útero impedem-na de evoluir na maternidade, ocasionando abortos espontâneos. Abalada psicologicamente com a notícia, não aceitando os fatos, Michelli começa a sentir sintomas de uma gravidez. Ela feliz da vida, mas seu marido preocupado com a possibilidade de novo aborto natural, consultam o ginecologista, Mauro, tendo a confirmação, dada em sigilo ao marido, de gravidez psicológica. Querendo evitar decepções a sua querida esposa, destoando dos conselhos do médico, decide dissimular a verdade, portando-se como se isso verdade fosse. Feliz da vida, Michelli, tendo o médico sido persuadido por seu marido, procede como se estivesse mesmo a ponto de ser mãe, sendo hospitalizada próximo ao falacioso nono mês de gestação. Embora tivesse se sujeitado ao plano do marido de Michelli, Mauro reconhecia os dissabores que poderiam advir dessa decisão, se Michelli soubesse da realidade, sendo igual o temor de Pedro. Mas, como muita vezes acontece, o destino resolveu intervir, aparentemente, em favor desse casal. Atendendo ao sistemático pedido especial de sua esposa, internada, em caráter de urgência, para dar à luz ao suposto novo ser: Pedro retornou a sua residência, para apanhar roupas elegantérrimas para sua esposa, querendo ela deixar a maternidade, com toda pompa que, ela imaginava, o acontecimento merecia. Refletindo na melhor maneira de enfrentar o infortúnio da triste realidade dali a algumas horas, já próximo de sua morada, dentro de seu veículo, um barulho estranho, mas familiar, o fez parar o carro, para verificar-lhe a procedência. Confirmando que o pneu estava murcho e a parte metálica quase cortando o látex, ouviu um gemido, seguido de um choro. Caminhou, na direção de um arbusto, vendo então um bebê. Seria esse o sinal dos deuses agraciando e abençoando o seu amor pela esposa? Não seria essa a maneira de dar um lar a ess