Prezados Leitores, Apresento-vos, nestas páginas, o início de um trabalho que, espero, poderá ser-vos útil no estudo do precioso livro de Deus. Desejo também que os resumos que aí encontrardes vos façam entrever uma parte das riquezas contidas na Palavra de Deus, vos comprometam a estudá-la com mais cuidado. Creio ser sensível, mais sensível mesmo do que vós o poderíeis ser, às grandes e numerosas imperfeições que se encontram neste escrito. Por pouco que se estime a Palavra de Deus como ela merece ser estimada, por pouco que se tenha sentido o seu caráter divino, todo o trabalho do homem que a ela se referir será, aos olhos do crente, muito pálido, muito pobre. Sinto-o, e prefiro dizer algumas palavras para vos explicar o fim que me propus atingir ao publicar estas reflexões, e fazer-vos saber o que é preciso esperar ao percorrê-las.Há já alguns anos que um irmão me constrangeu a empreender este trabalho, e, até ao presente, eu tinha recuado perante uma tal obra; mais ainda pelo sentimento da minha fraqueza para um tal empreendimento, do que por causa das minhas ocupações na obra do Senhor, embora estas tenham contribuído de algum modo para o seu atraso. O sentimento de que o Senhor está próximo dispõe-me antes a devotar-me à obra do que a empreender um trabalho de gabinete. As necessidades dos irmãos que também estão no campo do Senhor, e, para a maior parte deles, de uma maneira mais útil do que eu, decidiram-me a meter ombros a este trabalho, sem, contudo, e assim o espero, sair da humildade que me convém e à qual eu gostaria mais de permanecer fiel do que realizar um trabalho qualquer. Todavia, várias considerações pesavam na balança para me impedirem de começar esta obra.Em primeiro lugar, a imensa responsabilidade que se prende, quando se trata da Palavra de Deus, àquele que quer dar uma direção ao pensamento dos Cristãos, e, por muito modesto que seja, apresentar ideias como sendo a intenção do Espírito de Deus. Que grave falta que é dirigir mal os queridos filhos de Deus no conhecimento dos Seus pensamentos e da Sua vontade, e que é dar como alvo das Suas preciosas comunicações o que, na verdade, o não seja!Uma outra consideração também me detinha: era o temor de que se supusesse não encontrar, neste trabalho, o conteúdo da palavra de Deus. O grave e sério mal de todos os comentários é que eles dão lugar a esse pensamento, favorecendo assim a preguiça do coração e a falta de espiritualidade, contentando-se com algumas explicações, talvez boas em si mesmas, mas que não dão senão breves ideias sugeridas pela Palavra de Deus e estão infinitamente longe de comunicarem a sua vida, a sua força e as suas riquezas. Nada de mais prejudicial do que essa preguiça que gosta mais de se deter nesses breves pensamentos do que sondar a própria Palavra Divina, porque esta se recusa à alma que não procura junto do Senhor, na sua inteligência, aquilo que só Ele pode dar. O leitor não encontrará, pois, aqui nenhuma pretensão a dar-lhe o conteúdo da Palavra de Deus. Encontrará, sim - e este tem sido o meu desejo e o alvo do meu trabalho - algumas indicações que o ajudarão no estudo das Sagradas Escrituras, mas que não lhe servirão de nada sem esse estudo. Ter-lhe-ia prestado um mau serviço se o tivesse ajudado a juntar ideias, desviando-o da Palavra viva e verdadeira que nos põe em comunicação com o próprio Deus, coloca os nossos corações sob o seu olhar, e a nossa consciência sob esse olhar quer vê tudo, que julga tudo, mas que vê para nos curar e para nos abençoar.John Nelson Darbywww.palavrasdoevangelho.com