About the Book
Hannah Arendt[1], em seu livro "Eichmann em Jerusalém: relatório sobre a Banalidade do Mal[2]" (1963), fala-nos sobre a existência do Homo Totalitarius[3], definido por ela como um fenômeno moderno. Ou seja, O Homo Totalitarius (Nazista, Fascista, etc.), segundo a filósofa, não existia, como tal, antes do início da era moderna (séc. XVI ou XVII). Na visão de Hannah Arendt, sendo assim, o Nazista Eichmann era "uma pessoa normal", e o Nazismo também não tinha nada de demoníaco, patológico ou "psicopatológico". Os nazistas, segundo ela, eram apenas o resultado, produto ou a consequência de um consentimento político dado por homens e mulheres completamente "normais", tal como Eichmann.
Pergunta-se:
Estaria Hannah Arendt, ao escrever esse livro e publicá-lo dois anos depois do julgamento de Eichmann, tomada por um relativismo ético ao não caracterizar as práticas totalitárias (nazistas, fascistas, etc.) como atos patológicos ou psicopatológicos? Pensa-se que não. Apesar de a filósofa, nessa época, ainda não ter escrito o livro "A vida do espírito", o que só foi publicado em 1978, três anos após a sua morte (1975), certamente ela já tinha desenvolvido ou vinha desenvolvendo importantes axiomas sobre "O Pensar". Segundo também teorizou Hannah Arendt, por exemplo, "O mal não é ontológico; não é uma patologia ou psicopatologia. Não é uma condição natural ou algo inerente ao ser. Não é metafísico. É consequência de um vazio do pensamento". Isto é, "o mal", segundo Hannah Arendt, "é político e histórico; é uma banalidade trivial de grupo ou de classe". A problemática, dentro desse novo contexto, agora seria outra:
Se o mal, como defendeu a filósofa, não é ontológico, não é natural, não é metafísico; se não é uma patologia ou psicopatologia inerente ao ser; se é político e histórico; se é uma banalidade trivial de grupo ou de classe (consequência de um vazio do pensamento), "qual seria então a origem do mal antes mesmo dele ser político e histórico?". Em outras palavras:
"De onde supostamente se origina o mal antes mesmo dele ser uma banalidade trivial de grupo ou de classe (político e histórico)?"
II
Embora respeitando toda a magnitude intelectual da filósofa, pensa-se, nesse livro (tese de Doutorado em Filosofia, Teologia e Saúde mental), não somente de forma diferente, mas também (radical e de conjunto) muito além dos axiomas defendidos por Hannah Arendt. Longe de explicações pautadas em cunho religioso, para nós, mesmo que o mal não seja ontológico, mesmo que ele não seja uma patologia ou psicopatologia inerente ao ser, antes de ser político e histórico, grupal ou de classe, longe de ser o produto de um suposto vazio do pensamento, ele é sim metafísico: só que um Desvio Metafísico e/ou filosófico; e, nesse sentido, também o mesmo que um estado de loucura só que o de uma Loucura do Espírito, uma vez que espírito, em filosofia, significa o mesmo que ideia.- "O que é Desvio metafísico e/ou filosófico?" - certamente deve estar se perguntando o leitor;
- "O que é Loucura do espírito?";
- "Como o espírito enlouquece?".
III
Essas são algumas das grandes e importantes questões que problematizaremos e responderemos ao longo deste trabalho.
About the Author: Cleberson Eduardo da Costa (mais de 100 livros publicados, muitos deles traduzidos para outros idiomas), natural do Rio de Janeiro, é graduado pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro/1995-1998), Pós-graduado em educação (UCAM - Universidade Candido Mendes), Pós-graduando em Filosofia e Direitos Humanos (UCAM - Universidade Candido Mendes), Mestre e Doutor (livre) em Filosofia do conhecimento (epistemologia) e Pedagofilosofia Clínica (FUNCEC - pesquisa, ensino e extensão), Pesquisador, Professor universitário, Especialista em metodologia do ensino superior, Licenciado em Fundamentos, Sociologia, Psicologia e Filosofia da educação, Didática, EJA (educação de Jovens e adultos) etc. Além disso, foi aluno Especial do Mestrado em Educação (1999-2001/PROPED/UERJ), matriculado, após aprovação em concurso, nas disciplinas [seminários de pesquisa] "ESTATUTO FILOSÓFICO" (ministrado e coordenado pela professora Dra Lilian do Valle); e "POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA" (ministrado e coordenado pelo professor Dr. Pablo Gentili). Estudou também no curso de MBA em Gestão Empresarial pela FUNCEFET/RJ/Região dos Lagos (2003-2005); no curso de Pós-Graduação em Administração e Planejamento da Educação pela UERJ (1999-2000); e realizou vários cursos livres e/ou de aperfeiçoamento nas áreas da filosofia e da psicanálise por instituições diversas, entre elas a FGV (Fundação Getúlio Vargas) e a SBPI (sociedade brasileira de psicanálise integrada). De 1998 a 2008, atuou como professor de ensino superior (Instituto Superior de Educação da UCAM/universidade Cândido Mendes) nos campus universitários de Niterói, Nova Friburgo, Araruama, Rio de Janeiro, Teresópolis, Rio das Ostras, etc. Participou (em sua trajetória profissional e/ou intelectual acadêmica) de diversas pesquisas, como, por exemplo, o projeto UERJ-DEGASE, relativo à (EJA) e também em pesquisas centradas em problemáticas políticas, filosóficas e pedagógicas com professores renomados, como Pablo Gentili (UERJ/CLACSO), Cleonice Puggian (UNIGRANRIO), Carla Imenes (UEPG), Cristiane Silva Albuquerque (UERJ), Marco Antonio Marinho dos Santos (OCA/RJ) entre muitos outros. Atualmente dedica-se à docência universitária; a pesquisas em educação; a consultorias relativas à educação, no sentido do aprimoramento, da superação e do desenvolvimento humano; à realização de palestras acadêmicas e multiorganizacionais e à produção de obras nos mais diversos campos do saber.