About the Book
Nota do autor Várias são as experiências que a minha vida teve, tudo como rios de diferentes dimensões que foram correndo ao longo dos seus leitos, foram acumulando detritos aluviónicos ao longo das suas margens, em algumas, foram húmus em outras, a esterilidade não foi compassiva, mas todos foram desembocar no mesmo estuário para se fazerem ao mar, o seu mar. Foram experiências, umas maravilhosas outras decepcionantes. Das primeiras, de entre as quais faz parte o propósito de publicar este livro, cimentei a minha férrea vontade de eternizar o amor que tenho, dentro de mim, pela mulher a quem o dedico, Ana Maria, minha amiga, minha mulher, mãe dos meus filhos, avó das minhas, por enquanto três netas e tudo o que lhe confere o facto de estar ligada a mim. Ela é O MEU MAR! Os muitos eus que fui, levaram-me ao estuário de amor que me projectou para o mar de maravilhas que a minha vida conheceu e ainda saboreia. É uma experiência gratificante que sabe a todos os sabores deliciosos que se sorvem no mundo, sobretudo agora, para mim, que, tendo, recentemente, celebrado as bodas de (...), pelos 40 anos já passados com a Ana, numa harmonia impressionante que resultou em 3 (três) filhos e, por enquanto, em 3 (três) netas; na mesma altura completei 65 anos de idade, para meu próprio gáudio, pois, sabido que a esperança de vida moçambicana é, actualmente, de 60 anos, não me sinto, mesmo assim, a mais no seio do convívio dos que me querem bem, onde, ainda, distribuo cartas descontraidamente, como um ousado jovem ou digno player. Este livro é uma digna e merecida homenagem à minha querida mulher Ana Maria que, nem por isso paga tudo o que lhe devo! É insolvível o que lhe devo, porque, depois da minha mãe que me deu o ser, ela deu-me tudo o que faz de mim um homem que a sociedade ama, respeita e espera que com os seus nobres actos, ajude na construção de parte do céu que procura para a sua harmonia. É uma colectânea de poemas seleccionados de um caleidoscópio que são, quase a totalidade dos meus livros de poesia até aqui publicados: A raiz e o canto, de 1985; Segredos da alma, de 1989; Limbo verde, de 1992; Epicentro, de 2005; O fundo pardo das coisas, de 2015 e outros poemas soltos inéditos. Não se trata de qualquer reverbero do canto da musa antiga, nem de ressurgimento da fénix, das suas próprias cinzas, trata-se, sim, de um cúmulo de sentimentos, de emoções que a relação da minha mulher comigo produziu desde os seus primórdios e que deixo aqui para a Ana, para os nossos filhos e amanhã será um canto-legado para as gerações da nossa linhagem e não só.