About the Book
Uma obra inédita de, o mais completo estudo (400 páginas) realizado sobre as sonatas para guitarra escritas em Viena durante o período clássico, por compositores contemporâneos de Beethoven e de Schubert, que tiveram contato com eles em diversos círculos sociais e musicais. O livro se divide em duas partes, a primeira dedicada ao contexto histórico, social, político e econômico do período, e a segunda ao análise das 20 sonatas compostas para guitarra em Viena, com comparações em relação ao estilo da música para piano, de câmara e sinfônica da época. Com prefácio de Fabio Zanon[...] A formidável arrancada que o violão teve no século XX não carregou o violão do início do século XIX na bagagem: somente o espanhol residente em Paris, Fernando Sor, manteve sua popularidade sem hiatos, e, ainda assim, somente uma parte pequena de sua produção manteve lugar cativo no repertório. Outros como Carulli, Carcassi, Coste, Aguado etc., mantiveram seu nome presente quase que exclusivamente através do material didático. O italiano residente em Viena, Mauro Giuliani, indiscutivelmente o outro grande compositor-violonista dessa era, só foi efetivamente reincorporado ao repertório a partir dos anos 1960. Sor e Giuliani monopolizaram, por décadas, o "classicismo" do violão.A partir dos anos 1980, a geração romântica -Mertz, Coste, Legnani e Regondi- voltou à pauta. Mas a intensa atividade violonística vienense de 1800-1830, onde reinou Giuliani, mas que teve como agentes os compositores austríacos Molitor, Matiegka e Diabelli, continuou circunscrita quase que exclusivamente à Áustria.É aqui que a obra de Marcos Pablo Dalmacio se faz tão importante. Até agora, não tínhamos uma ideia clara do volume e relevância da produção desse período. Sabemos que a música de câmara com violão floresceu no período, mas quais são os compositores e obras imprescindíveis? Diabelli foi, de fato, um grande compositor? Quais foram os gêneros predominantes e qual a contribuição de cada um desses compositores? O gênero sonata, tão central na própria história da música clássica, foi cultivado com que intensidade no violão? As respostas estão todas aqui. Mais que isso, todas essas informações são contextualizadas e cotejadas em relação aos compositores mais ativos em Viena naquele período. Aqui aprendemos que, com a exceção de Beethoven e Schubert, praticamente todos os maiores compositores do período reduziram sua produção de sonatas no século XIX. Que quase todas as sonatas vienenses para violão foram escritas num espaço de menos de 10 anos. Que, depois de 1827, tivemos de esperar quase cem anos até que outra sonata fosse escrita para violão. Aprendemos também que o modelo de allegro-sonata e de divisão em quatro movimentos que hoje aprendemos nos cursos de análise musical está longe de ser predominante, e que outros modelos, alguns dos quais de origem italiana, são igualmente dignos de estudo. Tudo isso é demonstrado não somente pela análise das sonatas de Giuliani, Matiegka, Diabelli, etc., mas em complemento a exemplos similares do repertório de piano e de música de câmara. Toda essa preciosa informação é contextualizada por uma narrativa arguta do momento sócio-político.Não só por desvendar e analisar toda uma faixa importantíssima e mal conhecida do repertório do violão, mas por demonstrar seu vínculo com as obras das maiores personalidades da história da música ocidental, sem condescendência, mas com uma combinação de paixão e distância crítica, fazendo com que tanto umas quanto outras saiam engrandecidas da análise, que o livro de Dalmacio merece a mais profunda atenção dos estudiosos.
About the Author: Multi-instrumentista e compositor, desde cedo mostrou interesse por diversos aspectos da prática musical o que o levou a dedicar-se com igual energia ao violão, violino e viola, composição, pesquisa musicológica, regência e à interpretação de música antiga com instrumentos de época (vihuela, guitarra renascentista, alaúde, guitarra barroca, guitarra clássico-romântica e mandolina). Como solista tem se apresentado em numerosas cidades de vários estados do Brasil, Argentina, Uruguai, Para-guai, Peru, Espanha, Portugal e França, oferecendo recitais, masterclass e palestras em festivais, seminários, séries de concerto, conservatórios e universidades. Tem atuado também como solista junto a orquestras, quartetos de cordas e conjuntos de música de câmara e corais do Brasil e da Argentina. Na sua discografia conta com o disco Cordas de Acordo, gravado pelo Duo Brar (2008); a estreia mundial e primeira gravação em CD da Symphony of Good do compositor brasileiro Jean Goldenbaum, realizada em São Paulo (2010); seu primeiro CD solista, Ricercare (2015) no qual interpreta cinco séculos da história da música com sete instrumentos diferentes; e Hidden Masterpieces (2018) gravado pelo Duo Cor dos Ventos, dedicado a música de câmara do século XIX para flauta, guitarra, violino e trompa. Marcos é Diretor Artístico e violinista da Orquestra de Cordas da Ilha (Florianópolis, Santa Catarina, Brasil) com a qual apresenta programas dedicados principalmente ao resgate de compositores pouco conhecidos da história da música desde o período barroco até os dias de hoje, tendo sido responsáveis por numerosas estreias e primeiras audições no Brasil. No âmbito da música de câmara conforma o Duo Cor dos Ventos com o flautista Cristian Faig; ademais do repertório tradicional para a combinação utilizam instrumentos históricos para a interpretação de música antiga. Também ativo como compositor, conta com várias obras estreadas em diversos países, desde música para instrumentos solistas, passando por diversas combinações de música câmara, até obras para coro e orquestra. Marcos Pablo Dalmacio é natural da Argentina e está radicado no Brasil desde 2005. E pós-graduado em Música pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) na área de musicologia. Possui os títulos de Professor de Guitarra pelo Conservatório Isaías Orbe de Tandil e de Professor Superior de Guitarra pelo Conservatório Luis Gianneo de Mar del Plata, ambos da província de Buenos Aires, Argentina.