About the Book
Sonhos: Impressões e sentimentos é um livro pungente, que nos arrebata de imediato e faz com que deixemos nosso cotidiano para emergir num maravilhoso mundo onírico. Trata-se de um livro de poemas que nos toca fundo e nos transporta para além de nós mesmos, ao trazer a baila temas como o amor pela família, o apego à mãe, o cotidiano, as agruras humanas, o devassidão do tempo, o amor e suas (im)possibilidades, a morte, entre outros.Vana Miletto escreve macio, suave, mas com determinação e profundidade. Sua poesia é relevante, bela e extremamente tocante, haja vista que fala da nossa humanidade, do que vivemos e sentimos, do que desejamos e alcançamos. Seus poemas falam do vazio que há em nós e de como superamos a dor e a saudade, de como caminhar pode ser ao mesmo tempo doloroso e edificante. Mergulhar nessa leitura é um ato tão prazeroso quanto meditativo, na medida em que nos vemos nas linhas bem traçadas da autora e nos sentimos parte dos seus retratos expostos. Quanto à forma, com versos ora curtos ora longos, mas sempre cadenciados, a leitura flui de modo a nos envolver e chama a atenção pela construção de rimas interpoladas que garantem ritmo aos poemas. Algumas vezes, o texto aparece com ênfase na forma (como em "Soneto da Saudade"), muitas outras vezes a ausência de rimas denota liberdade de expressão e vivacidade tônica às estrofes (assim como em "Nuances", "Poder", "Livre Sou"). Essa liberdade alcança sua expressão máxima no poema concreto "Palavras Avulsas", que também nos mostra versos avulsos bailando na folha. Sem métrica fixa, ou seja, sem se prender a estrutura formal, os poemas que vemos aqui são expressões livres de pensamentos e sentimentos, constituindo, assim, a alma da autora que se entrega em cada verso. Nesse sentido, em cada página temos um transbordar de emoções que no invadem e nos transformam a cada vez que lemos. Os versos bastante intimistas e imagéticos são, de fato, traduções de um estado de espírito que converge dor e alegria, saudade e felicidade, sentimento e razão, medo e enfrentamento. Viver para Vana Miletto é sentir, é expressar em versos o que a motiva e a assombra, o que a faz feliz e a aterroriza; escrever poesia é o que a move e a faz prosseguir num mundo cheio de dificuldades e desafios, mas também pleno de beleza e esperança.Isso tudo pode ser percebido, por exemplo, nas poesias de abertura "Dia das Mães" e de encerramento "Inspiração", que fazem reverência à relação mãe-filha, homenageando todas as mães na pessoa da própria mãe da autora. Em ambas, aludindo ao passado, mas fazendo referência ao presente e até ao futuro, a autora nos apresenta a figura mais importante da sua poesia: A MÃE, mulher que a move e alicerça sua vida. Ao trazer elementos divinos aos textos, o que se percebe é a mãe transformada em divindade, digna de todos os agradecimentos e méritos, louvada por sua existência e felicidade proporcionada. À mãe a maior loa, a maior alegria, o sentimento mais puro, a saudade mais bonita e sincera; à mãe poemas tão íntimos, de pureza intrínseca e cândida doçura. (...)Falaria páginas e páginas acerca de cada um dos poemas encontrados aqui e como me tocam de alguma maneira. Sempre insisto em dizer que ainda a melhor forma de se encontrar, se conhecer e se modificar é através da arte, da reflexão que toda obra de arte nos propõe. Sendo a expressão artística que mais me toca, a literatura encontra seu porta-voz em Vana Miletto que não apenas nos emociona com seus versos, mas principalmente nos conduz a um repensar sobre a vida, sobre nossa existência no mundo, nossa importância para as pessoas que nos circundam e nossa relação com aqueles que partiram. Dra. Linda Catarina Gualda